Há um
ano e pouco uma amiga me falou sobre um vídeo que mostrava o trabalho que
ninguém engrandece, não comemora e mal se dá conta, mas que beneficia muita
gente. É o trabalho gratuito de muitas mulheres, a coisa de sempre: chegar em
casa e começar outra jornada. Ou cuidar da família em tempo integral e ser
considerada “dondoca” na melhor hipótese.
O fato é que minha amiga se queixou
porque no vídeo essas mulheres eram chamadas de “invisíveis” e mostrava como
seria belo que elas ficassem gratas com essa posição, em trabalhar mas não ser
honradas por isso, querer reconhecimento seria. Isso me fez refletir o quanto
desvalorizamos não o trabalho em si, mas os trabalhadores.
Trabalho não é só o
remunerado, o limpo, o que aparece, não é só o fora de casa. Falo trabalhadores
porque há homens invisíveis também, quanto menor o valor pago pela
atividade, mais invisível é. Uma das
coisas que o trabalho proporciona ou deveria, é a dignidade. Não é apenas a
provisão financeira, mas a oportunidade de experimentar um crescimento que só é
possível quando servimos ao bem de outros, e interagimos e nossa humanidade é
revelada e reconhecida por outros seres humanos.
Não tem nada mais bonito que
reconhecer a humanidade de alguém e ser reconhecido de volta. Não é o salário, embora
o sustento seja primordial, nem os elogios, os aplausos e tapinhas nas costas,
é a satisfação misteriosa e gratificante de perceber que faz parte da vida do
outro. Não é lindo? Eu penso que sim.
Por isso, a tal “invisibilidade” é coisa
estranha, discurso gelado e falto de sentido. Trabalho é bom mas quem dá
sentido a este, seja dentro ou fora de casa, ganhando ou de graça, é cada homem
e mulher que o move: visíveis e honrados trabalhadores.
Imagens: internet