domingo, 1 de maio de 2016

Dia do trabalho e a mulher invisível







Há um ano e pouco uma amiga me falou sobre um vídeo que mostrava o trabalho que ninguém engrandece, não comemora e mal se dá conta, mas que beneficia muita gente. É o trabalho gratuito de muitas mulheres, a coisa de sempre: chegar em casa e começar outra jornada. Ou cuidar da família em tempo integral e ser considerada “dondoca” na melhor hipótese. 

O fato é que minha amiga se queixou porque no vídeo essas mulheres eram chamadas de “invisíveis” e mostrava como seria belo que elas ficassem gratas com essa posição, em trabalhar mas não ser honradas por isso, querer reconhecimento seria. Isso me fez refletir o quanto desvalorizamos não o trabalho em si, mas os trabalhadores. 

Trabalho não é só o remunerado, o limpo, o que aparece, não é só o fora de casa. Falo trabalhadores porque há homens invisíveis também, quanto menor o valor pago pela atividade, mais invisível é.  Uma das coisas que o trabalho proporciona ou deveria, é a dignidade. Não é apenas a provisão financeira, mas a oportunidade de experimentar um crescimento que só é possível quando servimos ao bem de outros, e interagimos e nossa humanidade é revelada e reconhecida por outros seres humanos.

 Não tem nada mais bonito que reconhecer a humanidade de alguém e ser reconhecido de volta. Não é o salário, embora o sustento seja primordial, nem os elogios, os aplausos e tapinhas nas costas, é a satisfação misteriosa e gratificante de perceber que faz parte da vida do outro. Não é lindo? Eu penso que sim. 

Por isso, a tal “invisibilidade” é coisa estranha, discurso gelado e falto de sentido. Trabalho é bom mas quem dá sentido a este, seja dentro ou fora de casa, ganhando ou de graça, é cada homem e mulher que o move: visíveis e honrados trabalhadores. 














Imagens: internet