segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Riquezas, diferenças e incoerências.




O Brasil das crises tem formas distintas de reagir diante da necessidade de se reconstruir. Cada um por si e a terceira pessoa do plural, por todos. “Deviam” fazer alguma coisa, ou não me “deram” oportunidade, e também “vivem” fazendo isso com a gente..” por aí vai. Mas o efeito da crise é diferente para cada um, enquanto a classe média continua oscilando entre a estabilidade momentânea e o desespero de chegar mais próximo ao limiar da pobreza, os pobres mesmo vivem esse drama no lado oposto, vendo possibilidades de crescimento chegando, mas acabar o estoque bem na sua vez de pegar. 

O Brasil é o país das pessoas que sonham com uma casa própria como o maior dos sonhos. Mas moradia é algo básico. 
Pelas contas, não é a falta de recursos que leva a essa gangorra econômica porque o impostômetro é um dos indicadores de que o dinheiro ao menos está saindo bastante dos bolsos de quem trabalha, mas o problema é a mania, o vício de pensar de modo escravizante quando se trata de distribuir renda. No Brasil há um conceito não declarado de que o pobre tem que continuar sendo assim, porque durante anos aconteceu desse jeito e a distribuição de renda apenas segue o ritmo dessa ideia antiga e senso cego. 

Como se reage a uma crise sem um real no bolso, tudo consumido pela inflação e pelos desvarios da administração de um governo? Aceitando empregos horríveis, mal remunerados e trabalhando por dois, três. E não funciona. Porque mesmo com a economia voltando a respirar, as empresas não abrem o bolso, crise de rico é diferente, a recuperação deles tem prioridade, é como um estilingue quando lança um objeto longe, tudo que cai é suportado por uma base, e a base de um país de acordo com o senso escravizante, são os pobres, e têm que suportar os deslizes financeiros. 
Lógico, as crises acontece em todo lugar, ainda assim podemos passar por elas e ter uma recuperação digna, mesmo nas dificuldades. Isso jamais vai ocorrer enquanto for aceito este círculo vicioso de que falei aqui: o velho conceito de escravizar mas dormir bem mesmo assim.

Esse é o muro que nos separa de ter boas escolas como algo básico e como consequência,  cidadãos conscientes, e na continuação, pessoas motivadas, jovens com vontade e condições de contribuir com o bem social. Hoje estudar ainda é luxo, quando mais fazer uma pós-graduação, mas economia forte começa assim, com gente educada, é básico. Moradia idem, cultura da mesma forma. 
É estranho passar por crises evitáveis, se tem um lugar cheio de oportunidade e recursos, é aqui. Infelizmente alguém anda mantendo as portas fechadas aos maiores interessados, e em mesa farta os filhos andam comendo as migalhas do chão. Grande riqueza, maior incoerência. 



 Imagens: internet